terça-feira, 7 de agosto de 2012

Livros - Comunicação Alternativa (livro de Pedro Vicente Costa Sobrinho) - Dorian Gray Caldas

Capa da 2ª Edição.

Diz o poeta, “tenho conhecido rios... profundos rios... a minha alma tornou-se profunda como os rios”.  O rio Amazonas é plural. Vastidão de rio e afluentes. Floresta. Nas suas margens viveu e sobreviveu o índio, o posseiro, o paroarara, o nativo. Desse amálgama de contrastes, temos a matéria viva do reino verde, “do inferno verde”, na expressão do escritor Peregrino Júnior, no seu livro “A Mata Submersa”.

As metamorfoses e contrastes da floresta permitem os mitos, as lendas, a vida mímica de suas águas. Sacralidade. O rio não é só um rio. Não é só um rio e seus afluentes, já dizia o poeta. Principalmente, se este rio é o Amazonas; maior bacia fluvial do mundo; com sua floresta que cobre dois quintos da América do Sul. Um rio não é só um rio; ocupação, densidade, presença constante e desafiadora. A Amazônia é o desafio; a matéria que Pedro Vicente Costa Sobrinho estuda e nos apresenta neste livro: Comunicação Alternativa e Movimentos  Sociais na Amazônia Ocidental, tema de doutorado, ampliado e acessível à leitura na “riqueza de suas análises”, na observação do mestre ensaísta Celso Furtado. Obra erudita e documental, denunciadora, vibrante como uma seta ao alvo exposta. Exposição formatizada, compromisso com a verdade histórica, na abrangência de seus estudos comparativos e nas constatações verídicas. Livro irrecusável a tantos; a todos os brasileiros com sentimentos de justiça e solidariedade. Diz Sebastião Vila Nova, sociólogo e ensaísta: “Não me surpreende como não surpreende ninguém que conheça sua inteligência aguda e sua sensibilidade”, este livro.

Pedro Vicente Costa Sobrinho é sociólogo, pós-graduado em Economia Rural (UFAC) e Ciências Sociais (PUC-SP), Doutor em Ciências da Comunicação (ECA-USP), Professor da  Universidade Federal do Acre. Foi Diretor do SESC e SENAC. Presidiu a Federação Nordeste de Cineclubes e a Associação dos Sociólogos do RN. Professor da UFRN. Dirigiu gráficas, editoras e jornais. Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do RN. Autor dos livros Capital e Trabalho na Amazônia Ocidental, edição Cortez. Reflexões sobre a desintegração do Comunismo Soviético e Exercícios  Circunstanciais, Ed. Coivara, entre outros.

O autor transita com facilidade pelas artes plásticas, cinema, sociologia política, gastronomia (tem um livro sobre esse assunto), literatura. Na concepção de Yatsuda, ele é “um intelectual preso aos temas e às circunstâncias”.  No livro Comunicação Alternativa e Movimentos Sociais na Amazônia Ocidental o autor põe em relevo os conflitos “a expansão da frente agropastoril na direção da fronteira ocidental; a geopolítica da ocupação acriana; a igreja do Acre e Purus; a Imprensa Nacional; Nós Irmãos; Tribuna do Povo de Deus, Varadouro, o Jornal das Selvas”. Considerações, notas, com vasta documentação, notadamente dos anos 71 a 81 do século passado. Pedro Vicente Costa Sobrinho chama a atenção para a ameaça de destruição da floresta acreana; para impressionante cifra e terras brasileiras vendidas e transferidas par grupos estrangeiros. Este interesse neste imenso vazio demográfico que desperta a atenção como possível área de reserva, conforme revelação da SUDAM.

A ação da Igreja do Acre elege um povo de Deus chamando-o para “responsabilidades sociais” a serem assumidas, vivenciadas e partilhadas, em busca de soluções à preservação da dignidade de homem.

Chama a atenção no texto de Pedro Vicente Costa Sobrinho as aberturas dos capítulos com textos, epígrafes poéticas; pausa a consecução das análises e das informações maciças intertextualizadas pelo vigor do estilo e a eloquência da palavra. É um escritor múltiplo, versátil, “plural como o universo” confirma Marcus Accioly citando o poeta Fernando pessoa.

O livro de Pedro Vicente Costa Sobrinho denuncia e dá fé através de entrevistas, boletins, ensaios, documentos hábeis assim com Varadouro, Jornal das Selvas, documental e útil e Nós Irmãos, Tribuna do Povo de Deus, e de documentos da Imprensa nacional; os constantes conflitos e as vicissitudes dos anos 70 do século passado, na região na qual viveu o autor estas questões ambientais, formulando toda uma teoria para o modelo do desenvolvimento do Acre.

Contribuição inequívoca, vigorosa, lúcida, necessária, à visão histórica e social desta região conflitada. Avaliação socioeconômica, humana e justa, que revela os valores eternos do homem.

Nós, os nordestinos, temos a grande tarefa de manter sempre viva nossa inequívoca presença no processo cultural e nas letras, na arte e na poesia em nível nacional. O livro Comunicação Alternativa e Movimentos Sociais na Amazônia Ocidental e o livro Vozes do Nordeste, de Pedro Vicente Costa Sobrinho, em parceria com Nelson Ferreira Patriota Neto é um livro de resgate e contribuição sobre ensaios e poesias e fixação de escritores nordestinos pela visão de suas obras que exprimem, na opinião do escritor Franklin Jorge”o trabalho intelectual de gerações de pensadores e criadores aqui tratados com suficiência do especialista e a sensibilidade do criador que todos são, no empenho e no cuidado com que se debruçam sobre uma temática reveladora da nossa nacionalidade”.

Somos os contemplados. As obras aqui estão. Tarefa cumprida. Um rio não é só um rio. Um livro não é só um livro; acompanha-o sempre a alma do seu autor e o sonho.





Dorian Gray Caldas: escritor, poeta, pintor. Da Academia de Letras do RN e do Instituto Histórico e Geográfico do RN. Dezenas de livros publicados.

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